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foto Carlos Hasenbalg

Carlos Hasenbalg

..." Foi um dos grandes nomes das ciências sociais brasileiras contemporâneas, responsável pela consolidação dos estudos sociológicos sobre racismo, desigualdades raciais e política racial no Brasil moderno…"

Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, USP

5/09/1942

Símbolo da Cruz

5/10/2014

"...Falarei um pouco dessa minha trajetória. Os privilégios se referem aos que tive na minha vida de estudante, e como profissional já formado, incluindo quase 40 anos de trabalho nesta Instituição. Seguirei as minhas notas, porque não confio – quase nada – na minha memória.

 

Esses privilégios começaram no meu ingresso no Departamento de Sociologia da Universidade de Buenos Aires (UBA), em 1961. Fui da quinta turma; o departamento tinha sido criado em 1957 e este ano está completando 50 anos. Nos anos 1960, o Departamento de Sociologia da Universidade de Buenos Aires, criação de Gino Germani com apoio de José Luis Romero, passou por sua época de ouro; eram os anos iniciais, mas foi uma época de ouro. Foi, junto com os departamentos da Universidade de São Paulo (USP) e da UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México) e o Colégio de México, um dos centros mais importantes da Sociologia latino-americana da época.

 

Entre os mestres de maior destaque que tive, posso mencionar o próprio Gino Germani, que foi o pioneiro da Sociologia na Argentina; o historiador José Luis Romero, que acabei de citar, grande medievalista, e que tinha ao seu cargo a cátedra de História Social Geral; Jorge Graciarena, que trabalhava com Sociologia do Desenvolvimento e com Sociologia Política; Túlio Halperin Donghi, que muitos de vocês conhecem. Fiz com ele três disciplinas de História Social Argentina. Gregório Klimowsky, epistemólogo, colaborou mais tarde com o Ernesto Sábato no relatório Nunca Mais, sobre os desaparecidos da última ditadura na Argentina, e hoje é professor emérito da UBA. Outro grande professor que tive foi Horacio Giberti, um engenheiro agrônomo que ministrava uma disciplina fantástica, na qual aprendi muito, que era Geografia Econômica da Argentina. Giberti, hoje, também é professor emérito da UBA. Além de Torcuato Di Tella e outros muito bons mestres, que não menciono aqui para não abusar.

 

O sonho acabou pelas mãos de um general de poucas luzes, de nome Juan Carlos Ongania, que deu um golpe em junho de 1966, desmantelou a universidade e, em particular, a área de Ciências Sociais, no país inteiro, mas, principalmente, na Universidade de Buenos Aires.

 

Tive a sorte, ou, de novo, o privilégio, de ser recrutado por Gláucio Soares, então diretor da Flacso (Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales), para fazer a pós-graduação em Santiago do Chile, em 1966 e 1967. Na Flacso, fui submetido a outra onda de grandes mestres. Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto tinham acabado, ou estavam acabando, o livro Dependencia y Desarrollo en América Latina, um dos principais livros da literatura sociológica dos anos 1960 e 1970.

 

Com Fernando Henrique fiz um curso sobre O Capital, que podia, talvez, ter o nome de um livro de uma conhecida marxista althusseriana chilena, Marta Harnecker, chamado Para Leer El Capital. Também foram professores nessa época, na Flacso, Alain Touraine, Johan Galtung e Manuel Castells, menino prodígio da Sociologia, que todos vocês conhecem. Ele nasceu no mesmo ano que eu, 1942, tinha sido discípulo de Touraine e já era professor da Universidade de Paris. Nessa época, Castells, com vinte e poucos anos, nos visitou na Flacso; trabalhava, então, com Movimentos Sociais Urbanos, com Sociologia Urbana, antes de ingressar no tema da sociedade em rede, da sociedade da informação, que concluiu com a famosa trilogia.

 

Dada a situação na Argentina, em 1967 vim parar no Iuperj por indicação de dois colegas e amigos brasileiros, Vilmar Faria e Carlos Estevam Martins, e aqui fiquei até dezembro de 2005, quando decidi me aposentar..."

Lei o texto completo,  publicado pela DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 57, no 4, 2014, que   é uma reprodução da Aula Magna de Carlos Hasenbalg no dia 21 de maio de 2007 no antigo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), atual Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ)

"...Carlos Hasenbalg, nascido em Buenos Aires, em 5 de setembro de 1942, foi um dos grandes nomes das ciências sociais brasileiras contemporâneas, responsável pela consolidação dos estudos sociológicos sobre racismo, desigualdades raciais e política racial no Brasil moderno. Fez isso na esteira dos estudos de relações raciais das décadas de 1940 e 1950, principalmente na trilha aberta por Florestan Fernandes e pela sociologia paulista nos anos 1960..." 

 

Leia o texto, "O Legado de Carlos Hasenbalg (1942-2014)"que foi publicado pela Afro-Ásia, número  53, em 2016.

Discriminação e desigualdades raciais no Brasil, Rio de Janeiro: Graal,1979. A segunda edição, de 2005, foi publicada em São Paulo, pela Humanitas.

 

Apresentação do dossiê Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais”, Estudos Afro-Asiáticos n.23  (1992) pp.5-6  

 

Privilégios: relato de uma trajetória acadêmica”, Dados, v. 57, n. 4 (2014), pp. 905 -17. 

 

Estrutura social, mobilidade e raça, Rio de Janeiro: Vértice, 1983 (em coautoria com Nelson do Valle Silva).

​

Relações raciais no Brasil contemporâneo, Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992 (em coautoria com Nelson do Valle Silva).

​

Origens e destinos: desigualdades sociais ao longo da vida, Rio de Janeiro: IUPERJ; UCAM; Topbooks; Faperj, 2003 (em coautoria com Nelson do Valle Silva).

 

Cor e estratificação social, Rio de Janeiro: Contracapa, 1999 (em coautoria com Nelson do Valle Silva). 

 

Lugar de negro, Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982 (em coautoria com Lélia Gonzalez).

 

Racismo: perspectivas para um estudo contextualizado da sociedade brasileira, Niterói: EDUFF, 1998 (em coautoria com Kabengele Munanga e Lilia Schwarcz).

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