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Diversidade e Equidade na Educação Superior em Países Latino-Americanos

DIVERSIDADE E EQUIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM PAÍSES LATINO-AMERICANOS: PROPOSTA ANALÍTICA

Leonardo Rodrigues

Leonardo Rodrigues

Professor do IFNMG e pesquisador do CeLapes

Um dos objetivos desse projeto é criar uma tipologia das instituições de educação superior (IES) a partir de como elas operam na prática. No Brasil, a estrutura formal dessa etapa de ensino já sugere algumas classificações das instituições. O tipo de categoria  administrativa, por exemplo, separa as instituições públicas das instituições privadas. A organização acadêmica prevê a classificação das instituições em Universidades, Centros Universitários e Faculdades, além dos Institutos Federais e Centros Federais tecnológicos. Mas, se olharmos para como as IES funcionam, que tipo de classificação encontramos? Quais as semelhanças e diferenças entre a tipologia com base no funcionamento e aquela prevista legalmente? A partir dessas questões, nossa proposta analítica pretende agrupar as instituições a partir de características de funcionamento.

MOTIVAÇÕES

A crescente diversificação institucional dos sistemas de educação superior tem motivado esforços voltados para entender como efetivamente as instituições operam, para além de classificações normativas ou jurídicas. (Munoz, 2013; Brunner, 2009; Huisman et al. 2015)

A pergunta dessa agenda de pesquisa pode ser assim sintetizada: como os sistemas estão organizados uma vez que se consideram os diferentes perfis de instituições definidos e mensurados de maneira multidimensional?"

A agenda sobre diversificação institucional ganha contornos próprios no Brasil, em virtude da reconfiguração da oferta de educação superior orientada por um elevado grau de virtualização concentrado em cursos de baixo e médio retornos oferecido em IES com fins lucrativos.

As perguntas específicas que orientam este projeto que tem como objetivo construir uma tipologia do sistema de educação superior que permita entender como o sistema efetivamente está estruturado e subsidie tomadas de decisão sobre regulação e avaliação institucional.

● Como as instituições de educação superior podem ser classificadas a partir de diferentes dimensões institucionais?

● De que forma essa organização está associada à inclusão de novos grupos de estudantes?

● Em que medida podemos comparar o sistema brasileiro com sistemas análogos  na América Latina e no Sul Global?

PROCEDIMENTOS

Apresentação de Slides Corporativo

DEFINIÇÕES CONCEITUAIS E SELEÇÃO DE INDICADORES

● Birnbaum (1983): características das IES em termos de: dependência  administrativa, organização acadêmica, áreas de concentração do conhecimento, mecanismos de ingresso, condições de trabalho do corpo docente.

 

● Diversidade como atributo de qualquer sistema cujos elementos podem ser distribuídos em categorias. Ênfase no aspecto operacional: dispersão, distribuição etc. (Huisman (2015).

 

● Harris e Ellis (2020): descrição da variedade e categorização de IES em tipos institucionais.

 

● As características que diferenciam as IES informam suas distintas lógicas institucionais (Thornton e Ocasio, 2008; Frølich et al., 2013).

 

● Schwartzman, Silva Filho e Coelho (2021) descrevem tipos institucionais a partir de recursos pedagógicos e características dos professores e características dos estudantes de graduação e pós-graduação.

SELEÇÃO DAS BASES DE DADOS E VARIÁVEIS

A primeira tarefa é identificar quais características das IES devemos considerar para essa classificação. A literatura especializada no tema, no Brasil e em outros países, indica algumas dimensões principais que caracterizam o funcionamento das instituições. A partir de um extenso balanço bibliográfico selecionamos os aspectos relacionados a seis dessas dimensões:

  1. Governança

  2. Ensino

  3. Pesquisa

  4. Extensão

  5. Políticas de inclusão

  6. Internacionalização das IES.

 

Essas dimensões orientaram o nosso olhar para os dados públicos disponíveis e para a seleção das variáveis de análise. Na prática, isso significa que, ao olhar para o corpo docente, por exemplo, importa selecionar variáveis que indicam o seu papel na gestão acadêmica (governança), a sua escolaridade e regime de trabalho (ensino), se e como produz conhecimento (pesquisa) e quais são suas atividades ligadas à comunidade em que ele está inserido (extensão). Trata-se, portanto, de uma abordagem multidimensional do funcionamento das instituições e o mesmo exercício foi feito para as demais informações disponíveis para cada IES. Na primeira rodada de análise trabalhamos com cerca de 60 indicadores do funcionamento das instituições.

 

mapa de variáveis

● Fontes de dados:

 

          (1) Dados administrativos do Censo da Educação Superior Brasileira (2019).

          (2) Tabelas de matrículas e produção acadêmica dos cursos de pós-graduação do Ranking de  Periódicos SCImago e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

ESTRATÉGIA ANALÍTICA

A segunda tarefa é a classificação das IES. É um desafio operacional classificar as quase 2600 instituições brasileiras com base em um conjunto diverso de características. Isso implicaria compará-las uma a uma a partir de cada variável selecionada e, depois, separá-las em grupos (que, a priori, não sabemos quantos são e tampouco seus tamanhos). Para isso, utilizamos uma técnica de agrupamento (Latent Profile Analysis) que permite classificar as IES em perfis distintos considerando todas as informações fornecidas. Por se tratar de uma abordagem estatística, a técnica nos fornece parâmetros para decidir a quantidade de grupos e a probabilidade de cada IES participar de cada agrupamento. O resultado dessa análise são as IES agrupadas em perfis institucionais distintos, ou seja, uma tipologia da educação superior a partir das características de funcionamento.

 

Principal hipótese: Existem relações entre diferentes características de funcionamento das instituições.

 

● Análise Fatorial Exploratória:

           ○ Objetivo: encontrar relações subjacentes às variáveis (dimensões).

           ○ Construir um novo conjunto de variáveis, menor do que o original.

 

 ● Construção das tipologias:

            ○ As dimensões encontradas permitem identificar tipos institucionais? Quais as características desses tipos?

            ○ Em que medida os tipos institucionais encontrados indicam dinâmicas de funcionamento do sistema?

ACHADOS INICIAIS

Os resultados preliminares confirmam nossa hipótese: a classificação formal conta apenas parte da história do funcionamento das instituições.

 

Nos agrupamentos encontrados identificamos quais características do funcionamento são capazes de divergir instituições de uma mesma organização acadêmica ou tipo de gestão.

 

Algumas características têm se mostrado mais relevantes em distinguir as instituições, como o tamanho, a oferta de atividades extracurriculares e a diversidade na oferta de cursos e graus acadêmicos. Outras características revelam tendências do sistema educacional nos últimos anos, como a oferta de cursos à distância, que tem se mostrado um importante fator no agrupamento das instituições.

 

Embora preliminares, os resultados indicam que a tipologia captura de um modo original a complexidade do sistema de educação superior brasileiro, que ainda não tem sido alcançada por outras abordagens teóricas e técnicas de análise. A tipologia pode se tornar uma referência importante para análises que buscam superar, por exemplo, a classificação dicotômica entre os sistemas público e privado. Além disso, os resultados poderão contribuir para os debates sobre diferenciação das organizações de ensino superior, suas distintas funções e como podemos avaliá-las.

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